Casos notificados de dengue crescem sete vezes em 2023

A Secretaria de Estado de Saúde (SES) já registrou, nas primeiras 10 semanas deste ano, sete vezes mais casos prováveis de dengue em Mato Grosso do Sul do que no mesmo período do ano passado, um aumento de 678,24%.

Conforme o boletim epidemiológico da SES, o número de notificações de casos prováveis da doença no Estado foi de 1.701 nas primeiras 10 semanas de 2022 e, neste ano, até o dia 15 de março, há um acumulado de 13.235 casos prováveis notificados.

Apenas na 10ª semana epidemiológica deste ano, foram notificados 2.252 casos prováveis de dengue, 408,35% a mais do que as 159 notificações no mesmo período do ano passado.

Para se ter uma ideia do avanço da doença em MS, as cidades de Bodoquena e Alcinópolis decretaram situação de emergência por conta da epidemia de dengue.

Em Alcinópolis, já foram notificados neste ano 233 casos. Destes, 86 foram confirmados como positivos para a dengue. Bodoquena aparece com 260 casos notificados e a segunda maior incidência da doença em MS.

Segundo a SES, o motivo do aumento dos casos se dá pelas chuvas intensas registradas nos meses de janeiro, fevereiro e março, período propício à proliferação do mosquito Aedes aegypti, que, além da dengue, é responsável por transmitir zika e febre chikungunya.

Os dados epidemiológicos estaduais deste ano apontam ainda que os municípios de Três Lagoas, Campo Grande e Bonito apresentam os maiores números de registros de dengue.

A terceira maior cidade de MS, Três Lagoas, lidera o ranking, com 771 casos confirmados, enquanto a Capital tem 408 e Bonito registra 373 casos da doença.

Por ora, já foram confirmados em todo o Estado 5.550 casos de dengue. Cinco pessoas já morreram por complicações decorrentes da doença neste ano. Outras quatro mortes suspeitas de dengue seguem em investigação.

AUMENTO SAZONAL

Em entrevista ao Correio do Estado no mês de fevereiro, a superintendente de Vigilância em Saúde da Secretaria Municipal de Saúde de Campo Grande (Sesau), Veruska Lahdo, destacou que o Estado e a Capital estão passando por um período sazonal de aumento de casos ocasionados pelo mosquito Aedes aegypti.

Segundo Veruska, durante o verão, é comum o aumento significativo das três doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti: dengue, zika e febre chikungunya.

“E no nosso município [Campo Grande] temos a circulação desses três vírus, por isso, é importante reforçarmos a toda a população os cuidados necessários para evitar essas arboviroses”, salientou Veruska.

De acordo com a superintendente de Vigilância em Saúde, desde novembro do ano passado, a Sesau vem intensificando o trabalho de controle desses vetores por meio da Operação Mosquito Zero, realizada nas sete regiões da Capital, e de todas as ações de rotina, como visitas às casas, feitas pelos agentes de endemia.

De acordo com o Ministério da Saúde, as infecções por dengue, chikungunya e zika podem, ainda, resultar em várias síndromes clínicas, desde doença febril branda até febres hemorrágicas e formas neuroinvasivas, que podem ser casos agudos de encefalite, mielite, encefalomielite, síndrome de Guillain-Barré ou outras síndromes neurológicas centrais ou periféricas, diagnosticadas por médico especialista.

FALTA DE INSETICIDA

De acordo com a prefeitura de Bonito, o coordenador estadual de Controle de Vetores, Mauro Lúcio Rosário, emitiu nota às secretarias municipais de Saúde de Mato Grosso do Sul informando sobre a ausência de inseticidas em todo o território nacional, o que está impossibilitando os trabalhos de fumacê.

“Nem o Estado e nem os municípios deverão fazer aquisições de qualquer inseticida. A responsabilidade de aquisição é exclusiva do Ministério da Saúde, tendo em vista que, antes das aquisições, os insumos deverão passar por várias análises, de forma a garantir sua eficácia na eliminação vetorial e que não causarão danos ambientais, o que também é de nossa responsabilidade. O Ministério da Saúde está finalizando a aquisição e logo estará disponibilizando”.

A SES orienta aos municípios para intensificar o manejo ambiental, a fim de minimizar as ocorrências de casos e proliferação do mosquito.

A secretária de Saúde de Bonito, Ana Carolina Colla, detalhou que as ações de controle do mosquito Aedes aegypti já foram intensificadas no município, com visitas domiciliares dos agentes de saúde, mutirões de limpeza nos bairros e campanhas informativas.

Ana Carolina reiterou que o fumacê, que é um grande aliado no controle do mosquito, tem feito muita falta, principalmente em razão do cenário de chuvas intensas registrado no município nas últimas semanas. Como consequência, o número de casos de dengue aumentou significativamente, não apenas em Bonito, mas nas demais cidades de MS.

“Nós, enquanto poder público, intensificamos as ações nos imóveis. Temos agentes andando nas casas, eliminando focos e mapeando os casos, mas precisamos muito da ajuda dos moradores, para que cuidem rigorosamente de seus quintais e não deixem nenhum recipiente que possa se tornar criadouro do mosquito”, disse a secretária de Saúde de Bonito.

O Correio do Estado entrou em contato com a SES, questionando quais ações estão sendo feitas para controlar o aumento de casos de dengue em MS, no entanto, a reportagem não recebeu retorno até o fechamento desta edição.

SAIBA

Mato Grosso do Sul registrou 21.328 casos confirmados de dengue em 2022. No ano passado, 24 mortes pela doença foram contabilizadas.

 

 

 

ses/ms

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *