Você já pensou em fazer uma cirurgia plástica? Esse procedimento está se tornando cada vez mais comum no Brasil, às vezes influenciado pela mídia por fotos de “antes e depois”, que em algum momento já podem ter passado pela sua timeline. Problemas com a autoestima, a busca pelo “corpo perfeito” ou a comparação com outras pessoas também podem levar a realização de operações estéticas.
No caso da empreendedora Kamilla Melo, 33, a realização de uma cirurgia plástica estética foi por problemas com autoestima e decidiu colocar implantes de silicone aos 24 anos. “No momento, não me sentia feliz com meu corpo ao me olhar no espelho”. A empreendedora enfatizou que, na época da realização da cirurgia plástica, juntou R$ 12 mil para dar entrada no pagamento do procedimento cirúrgico.
Kamilla comentou sobre o processo, desde a decisão, até o pós-operatório. “Fiz a cirurgia plástica para melhorar minha autoestima. Foi tudo muito bem pensado, realizei vários exames, para ver se estava tudo certo e se eu estava preparada. O pós-operatório foi tranquilo, tomei as medicações e fiz drenagem. Foi uma ótima recuperação”.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) os procedimentos cirúrgicos mais procurados são a lipoaspiração e as próteses mamárias. No ano anterior, estima-se que mais de duas milhões de cirurgias plásticas foram realizadas no Brasil.
Um levantamento feito pela SBCP em 2023 mostra que em um intervalo de cinco anos, 5% das cirurgias realizadas por homens aumentaram para 30%, havendo um crescimento de 72 mil procedimentos executados por ano para 276 mil.
O cirurgião plástico Sandro Startari relatou fatores relacionados à cirurgia plástica. Startari declarou que existe uma divisão dos procedimentos, definida pelas cirurgias plásticas estéticas e reparadoras.
“Sem dúvida nenhuma, as cirurgias plásticas estéticas são as mais procuradas por nossas pacientes. Porém, acredito plenamente que toda cirurgia estética também tem um caráter reparador, seja na parte física ou psicológica da paciente. Sempre há um ganho para a autoestima”, diz.
As cirurgias mais procuradas para execução se diferenciam pela faixa etária e pelo do sexo do paciente. “Crianças a partir dos 6/7 anos, em ambos os sexos, podem fazer cirurgias para correção de ‘orelha de abano’, por exemplo. Os pacientes mais jovens, em grande maioria mulheres, buscam por cirurgias como aumento das mamas (prótese mamária) e lipoescultura. Pacientes mais adultas, que tiveram seus filhos, buscam cirurgia de reparação pós gestação, conhecida como Mommy Makeover, que englobam a lipoabdominoplastia e a mamoplastia com ou sem prótese. Já pacientes da terceira idade buscam cirurgias corporais e para o rejuvenescimento facial”.
O cirurgião plástico esclareceu que, dentre todas as faixas etárias, os jovens dominam o mercado das cirurgias plásticas estéticas, pela busca do “corpo perfeito”.
Ele faz um alerta sobre a realização de cirurgias plásticas. “Atualmente, a cirurgia plástica está muito ligada a um procedimento particular, as outras especialidades começaram a invadir essa área médica. Surgiram alguns cursos de estética, as pessoas fazem cursos rápidos e saem fazendo os procedimentos de cirurgia plástica. A cirurgia plástica, como todo procedimento cirúrgico, não é isenta de riscos, e deve ser avaliada pensando-se os riscos e benefícios”.
Influência midiática – A psicóloga clínica Sani Farias, esclareceu questões psicológicas que podem estar associadas com a realização de cirurgias plásticas.
Segundo Sani, o Brasil se destaca como um dos líderes na procura para realização de cirurgias plásticas, até mesmo antes da chegada das redes sociais. A psicóloga declarou que as plataformas digitais popularizaram ainda mais os procedimentos. “Muitas pessoas chegam aos consultórios médicos, com o desejo de que seus rostos fiquem iguais aos dos filtros do Instagram”.
Sani comentou que, segundo alguns estudos, a mídia tem influência na realização de cirurgias plásticas. “A mídia exerce um papel importante na escolha de fazer ou não um procedimento cirúrgico. A escolha do profissional para realizar a operação também pode ser influenciada pela mídia, principalmente quando o sucesso dos procedimentos é comprovado por meio de fotos de antes e depois”.
A profissional explica que apesar do apelo midiático, a decisão para a realização da cirurgia não é influenciada ou definida apenas pela mídia. A rede de apoio oferecida, opiniões e relatos de pessoas próximas, têm papel relevante na escolha do paciente.
“O padrão de beleza idealizado pela sociedade e pela mídia, pode colaborar para a internalização desses padrões, gerando a insatisfação corporal em algumas pessoas. A constante busca pela ‘perfeição’, pode levar alguns indivíduos ao descontrole na realização de procedimentos estéticos e cirurgias desnecessárias, em algumas situações, colocando a saúde física e mental em risco”.
A profissional citou o papel fundamental da cirurgia plástica. “A cirurgia plástica é uma especialidade médica, transforma esteticamente e psicologicamente muitas pessoas, corrigindo imperfeições físicas, restaurando funções de partes do corpo causadas por acidentes, melhorando a autoestima do paciente”.
Sani falou sobre os procedimentos terapêuticos que podem ajudar na autoestima pessoal. “A psicoterapia é indicada nessas situações. O autoconhecimento é necessário para entender quais atitudes e emoções influenciam diretamente na autoestima do paciente, para que seja administrada da melhor maneira possível”.