Sindicato Rural de São Gabriel do Oeste apresenta projeto de prevenção contra incêndios florestais

O presidente do Sindicato Rural de São Gabriel do Oeste, Renê Miranda Alves, apresentou a Diretora de Proteção Ambiental do Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso do Sul, Tenente-Coronel Tatiane Dias de Oliveira Inoue, um projeto criado em parceria com os produtores rurais da região que tem como objetivo criar práticas eficazes de prevenção e combate aos incêndios florestais.

O projeto, denominado Agro que Preserva Contra o Fogo, propõe uma série de medidas utilizando técnicas pré-existentes ou criando novas alternativas com o auxílio das tecnologias disponíveis.

Renê Miranda afirmou que a iniciativa surgiu após um levantamento realizado pelos produtores sobre as causas mais comuns dos incêndios que atingiram o município nos últimos meses e que causaram grandes prejuízos na região.
“Fizemos um levantamento e descobrimos que temos vários problemas que coincidem para gerar um grande transtorno, como os focos de incêndios gerados pelas redes elétricas, os focos de incêndios às margens da rodovia, seja ela estadual, municipal ou federal, e os incêndios criminosos”, explicou ele.
O presidente destacou ainda a importância da parceria entre o Corpo de Bombeiros e os produtores rurais, que segundo ele, tem sido muito positiva e colaborado para a minimização dos danos.
“Vivenciamos mais de cinco meses de agonia. Algo difícil da gente se sustentar sozinho e, graças ao apoio recebido pela Corporação, teve aqui várias equipes de combate a incêndios que fortaleceram o combate direto e as práticas preventivas. As orientações e o monitoramento do Corpo de Bombeiros foram de fundamental importância para que esse avanço do fogo não se transformasse em uma grande tragédia ambiental, envolvendo não só o município de São Gabriel, mas também, os municípios de Rio Verde, Rio Negro, Bandeirantes e Camapuã. Sem essas intervenções e ações no momento certo, os danos teriam sido irreparáveis”, disse.
Para a Tenente-Coronel Tatiane, práticas como as dos produtores de São Gabriel, de atuar em conjunto com o Corpo de Bombeiros, são de grande valia e demonstra o comprometimento do setor com a prevenção aos incêndios e à preservação ambiental.
“É uma rede que se une para realizar esse combate e a prevenção. Na região de São Gabriel do Oeste, por exemplo, tivemos muito apoio dos produtores rurais e temos também, em outras regiões, outros apoios, como das organizações não governamentais. São vários atores que se unem para fazer esse enfrentamento ao fogo e aos demais problemas ambientais, porque cada vez mais os fenômenos naturais estão severos”, pontuou.
Ações de prevenção
O projeto apresentado pelo Sindicato Rural, além das ações comuns de prevenção, planeja ainda a instalação de câmeras de monitoramento nas propriedades rurais do município e a catalogação dos responsáveis pelas propriedades para facilitar a identificação dos focos e a coleta de informações, dados que seriam compartilhados diretamente com o Corpo de Bombeiros para auxiliar no monitoramento.
Outra iniciativa realizada pelo sindicato do município voltada à prevenção é o disparo de mensagens via celular com dicas de prevenção contra incêndios, medidas de contenção dos focos e de conscientização, que são realizadas durante todo o período crítico de seca.
“Cada vez mais essa proximidade que estamos tendo com os sindicatos rurais está fazendo a diferença. Por isso, estamos procurando a cada ano estarmos mais juntos. Importantíssimo divulgar essas boas práticas e ações de conscientização. Essas ações realizadas pelo sindicato rural de São Gabriel é uma resposta rápida, porque impede que os focos cresçam e tomem grandes proporções”, afirmou a Tenente-Coronel Tatiane.
Prejuízos para a economia
A cidade de São Gabriel do Oeste se destaca pela produção agropecuária. Porém, em 2024 várias propriedades rurais foram atingidas pelo fogo, o que impactou diretamente a economia local.
Isso acontece não apenas pela destruição da lavoura pelo fogo, mas também, porque o calor dos incêndios reduz a umidade do solo e destrói a microbiota, conjunto de microrganismos presentes na terra e que é fundamental para a produção agrícola.
De acordo com estudos do Sindicato Rural de São Gabriel, a microbiota extinta pelo fogo demora cerca de 10 anos para se recuperar de forma natural. Para minimizar os prejuízos, os produtores são obrigados a investir em adubos químicos que reduzem esse tempo de 5 a 7 anos, o que gera um custo aproximado de 4 a 5 mil reais por hectare.
Os prejuízos são intensificados pela escassez hídrica, uma vez que o adubo repõe apenas os nutrientes, mas não repõe a umidade, que em condições naturais é mantida com a ajuda de restos das plantações, como as palhas de milho.

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