Sem greening, MS expande citricultura e abre caminho para novo setor econômico

Na tarde desta segunda-feira (11), em meio a árvores carregadas de laranjas na Fazenda Aracoara, Eduardo Riedel, governador de Mato Grosso do Sul, descascou um fruto. Simples, mas simbólico, o gesto marca a chegada de um projeto ousado no estado: a criação de um polo de citricultura robusto, livre das pragas que afetam grandes estados produtores. Riedel parecia convencido da missão: “Estamos gerando uma nova divisa de prosperidade em Mato Grosso do Sul”, disse ele, diante de autoridades e investidores.

Esse novo capítulo da citricultura brasileira é protagonizado pelo Grupo Cutrale, líder nacional do setor e uma das maiores exportadoras de suco de laranja do mundo. A empresa investe R$ 500 milhões para plantar 5 mil hectares de laranja em MS, com ambições de expansão que podem chegar a 30 mil hectares no futuro. Até agora, cerca de mil hectares já foram plantados, e o ritmo é acelerado: 1.800 novas árvores ganham espaço no solo sul-mato-grossense a cada dia.

Trabalhadores cuidam do plantio de laranjeiras na Fazenda Aracoara, símbolo de um novo ciclo econômico no estado.Trabalhadores cuidam do plantio de laranjeiras na Fazenda Aracoara, símbolo de um novo ciclo econômico no estado.

Esse novo passo do grupo Cutrale não é apenas um movimento financeiro. É uma aposta estratégica em um território livre da praga do greening, que causa devastação em pomares em estados tradicionais como São Paulo. Para Mato Grosso do Sul, é uma chance rara de criar uma indústria agrícola praticamente do zero, aproveitando a ausência do greening e a localização geográfica favorável para o escoamento da produção.

“Aqui vai chegar a quase 5 mil hectares plantados de laranja. Um projeto audacioso, que vai impulsionar a cadeia produtiva da citricultura. Estamos gerando uma nova divisa de prosperidade em Mato Grosso do Sul”, declarou o governador, destacando que a presença da Cutrale é um marco no setor agrícola do estado, que busca diversificar além do gado e da soja.

 Eduardo Riedel cumprimenta um dos trabalhadores da Fazenda Aracoara, onde o Grupo Cutrale investe no plantio de laranjas em Mato Grosso do Sul.Eduardo Riedel cumprimenta um dos trabalhadores da Fazenda Aracoara, onde o Grupo Cutrale investe no plantio de laranjas em Mato Grosso do Sul.

O secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), Jaime Verruck, afirmou que a infraestrutura necessária para a produção também está em expansão. A Fazenda Aracoara está recebendo sistemas de irrigação e energia elétrica para suportar o ritmo de produção esperado. “A localização estratégica e a ausência do greening são grandes diferenciais. É uma oportunidade para estabelecer o estado como um grande polo da citricultura”, explica Verruck.

Esse potencial fez com que a Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal (Iagro) adotasse uma política rigorosa de prevenção contra o greening. “Estamos com tolerância zero em relação à doença”, afirmou o secretário. Essa vigilância é fundamental para manter a vantagem competitiva que Mato Grosso do Sul começa a conquistar.

Maquinário e trabalhadores em ação no plantio de mudas de laranja, que fortalecerão a produção agrícola da região de Sidrolândia.Maquinário e trabalhadores em ação no plantio de mudas de laranja, que fortalecerão a produção agrícola da região de Sidrolândia.

O Grupo Cutrale não é o único a perceber essa vantagem. No primeiro semestre deste ano, o Grupo Junqueira Rodas também entrou no setor em Paranaíba, plantando 1.500 hectares de laranja, com planos de expandir para Naviraí. Hoje, Mato Grosso do Sul já contabiliza cerca de 6,5 mil hectares de laranja irrigada, consolidando-se como uma nova fronteira agrícola para a citricultura.

Carregamento de laranjas colhidas na Fazenda Aracoara, marco do crescimento da citricultura em Mato Grosso do Sul.Carregamento de laranjas colhidas na Fazenda Aracoara, marco do crescimento da citricultura em Mato Grosso do Sul.

Para Riedel, a expansão da citricultura é uma peça a mais em seu projeto de diversificação econômica para Mato Grosso do Sul. “O estado tem uma política de defesa vegetal séria, que atrai grandes investidores e garante a qualidade do cultivo. É o tipo de desenvolvimento que queremos: sustentável, rentável e que traz empregos para nossa população”, diz o governador.

Autoridades e representantes do setor agrário em visita à Fazenda Aracoara, onde o plantio de 5 mil hectares de laranja fortalece a economia local.Autoridades e representantes do setor agrário em visita à Fazenda Aracoara, onde o plantio de 5 mil hectares de laranja fortalece a economia local.

À medida que Mato Grosso do Sul investe em infraestrutura e adota políticas de controle fitossanitário, o estado se posiciona como um protagonista na nova fase da citricultura nacional. Para os investidores e para o governo estadual, é um território de promessas — um solo fértil para laranjas e para a economia.

 

 

gov/ms

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