Foi durante a sessão desta segunda-feira (5), em Montevidéu, que o senador sul-mato-grossense Nelsinho Trad (PSD) colocou no papel um plano que, no fundo, parece simples: compartilhar aeroportos entre Brasil e Paraguai. Mais precisamente, transformar os terminais de Ponta Porã (MS) e Pedro Juan Caballero, que já são vizinhos de muro, em um só aeroporto — binacional.
A ideia não é nova. E também não é impossível. Já acontece entre as cidades de Rivera (Uruguai) e Santana do Livramento (RS), onde turistas e moradores cruzam fronteiras usando o mesmo aeroporto — sem passar por longas filas ou burocracias divididas entre dois países.
O senador diz que esse modelo pode funcionar muito bem na região de fronteira de Mato Grosso do Sul, que já tem integração comercial e social com o lado paraguaio. Para ele, uma estrutura aérea compartilhada traria mais desenvolvimento para os dois lados da linha que separa os países, além de facilitar a vida de quem viaja ou faz negócios.
“Já somos uma região economicamente integrada. Agora é hora de integrar os céus”, resumiu o parlamentar.
Um aeroporto para dois países
O projeto propõe que os dois aeroportos passem a operar como um único espaço, com entrada e saída de voos coordenada entre os governos dos dois países. Isso exigirá ajustes técnicos, como regras migratórias e aduaneiras unificadas, e respeito às normas da aviação civil internacional.
Mas os benefícios prometem compensar: mais voos, mais turistas, mais empregos, e um empurrão importante no comércio regional — especialmente para Mato Grosso do Sul, que se vê muitas vezes distante dos grandes centros, apesar de sua posição estratégica no mapa.
Da Europa ao Paraguai
Nelsinho Trad trouxe a ideia após uma missão oficial à Europa, onde discutiu temas de logística e comércio exterior com empresários e representantes do governo. Ele acredita que, com estrutura e vontade política, a fronteira entre Brasil e Paraguai pode deixar de ser vista como um limite e virar uma ponte.
A proposta será debatida no Parlamento do Mercosul (Parlasul), com apoio de outros representantes brasileiros. Se ganhar força, o projeto pode abrir caminho para uma nova forma de pensar a aviação em regiões de fronteira.
ass.com