Logística, energia limpa, menos impostos. O que o agro espera do novo governo

Passado o resultado da eleição, vendida por Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no último domingo (30/10), entidades representativas do setor avaliam como pretendem dialogar e o que pretendem propor ao novo governo, que toma posse no dia 1º de janeiro de 2023. Em seus discursos de campanha, o então candidato Lula, além do agora vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin, fizeram acenos ao setor, que, em boa parte, manifestou apoio à candidatura à reeleição de Jair Bolsonaro (PL).

Nesta segunda-feira (31/10), a A Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo) informou que vai procurar a equipe do presidente eleito para apresentar as propostas da chamada Política Nacional do Trigo. “Consideramos importante reduzir a dependência do Brasil da importação de quase 60% do consumo interno”, disse à Agência Estado o presidente da associação, Rubens Barbosa.

“Farinha e arroz são os dois alimentos mais importantes na mesa do brasileiro. Vamos insistir para que esse projeto da Embrapa de produção no norte do Cerrado seja prestigiado e continuado. Com a diversificação das áreas plantadas para Cerrado, Sul do Nordeste e oeste da Bahia, tem que melhorar a logística da região. Vamos procurar nas próximas semanas os coordenadores da área agrícola para conversar com eles, acrescentou.

Em sua avaliação, o diálogo com o novo governo não deve ser prejudicado pelo apoio massivo do agronegócio ao atual presidente Jair Bolsonaro. “O presidente (Lula, em discurso após o resultado da eleição) disse que não importa quem votou, o que interessa é avançar na pauta positiva para o Brasil, de crescimento. Não acho que isso seja um empecilho para o desenvolvimento do agro”, afirmou.

Energia limpa

Em nota, a Associação dos Produtores de Biocombustíveis do Brasil (Aprobio) disse esperar que a substituição dos combustíveis fósseis na matris energética seja uma prioridade do novo governo. “A pauta da transição energética deve estar refletida numa política de Estado de longo prazo e esperamos que esse processo se mantenha”, destacou o presidente do Conselho de Administração da Aprobio, Francisco Turra.

Para a entidade, o apoio parlamentar é fundamental para assegurar o desenvolvimento dos biocombustíveis, com previsibilidade. A Aprobio defende o cumprimento da mistura obrigatória de 14% de biodiesel ao diesel fóssil (B14) a partir de janeiro de 2023, prevista em lei, e do B15 a partir de março do mesmo ano e reforçou que “o mais importante neste momento é seguir garantindo a previsibilidade dos programas atuais do etanol e do biodiesel”.

A Aprobio disse que atuará, durante a próxima gestão, com foco no aumento progressivo de 1 ponto porcentual ao ano até B20 em março de 2028 e a adoção de pelo menos B20 em todo o diesel vendido nas regiões metropolitanas brasileiras a partir do próximo ano.

Redução da carga tributária

O presidente executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Biscoitos, Massas Alimentícias e Pães & Bolos Industrializados (Abimapi), Claudio Zanão, disse que a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva para a Presidência da República dá ao País “um político experiente, com um vice experiente”. “Esperamos que toda a experiência de Lula e Alckmin (Geraldo Alckmin, vice de Lula) seja revertida em alianças para que as coisas aconteçam no País”, também à Agência Estado.

De acordo com Zanão, a entidade pretende estabelecer “um ótimo diálogo” com a equipe do Ministério da Agricultura do governo que toma posse em 1º de janeiro, a fim de avançar na busca por autossuficiência na produção de trigo no Brasil. O presidente executivo da Abimapi também disse que a entidade endossa pautas que a Confederação Nacional da Indústria (CNI) defendeu durante as eleições, como a reindustrialização do País e políticas que reduzam a carga tributária do setor.

“São assuntos bem batidos. Tomara que consigamos avançar”, afirmou.

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