Faxineira com salário de R$ 559, sogra de preso na Tromper movimentou R$ 539 mil em Sidrolândia

Quebra de sigilo bancário revelou que uma faxineira e um motorista movimentaram R$ 1,1 milhão com os acusados de integrar o esquema de desvios de recursos da Prefeitura Municipal de Sidrolândia. Apesar de ter salário mensal de R$ 559, a sogra de Ueverton da Silva Macedo, o Frescura, movimentou R$ 539,5 mil. Já o cunhado, com salário de R$ 1.055, transacionou mais R$ 604,5 mil.

Os dados das movimentações financeiras entre 2017 e 2021 foram anexados na ação penal pelo Ministério Público Estadual. A análise dos dados bancários mostra as movimentações financeiras de Frescura, Everton Luiz de Souza Luscero, Odinei Romeiro de Oliveira, Roberto da Conceição Valençuela e das empresas envolvidas no suposto esquema criminoso.

Ex-candidato a vereador, Frescura recebeu R$ 10,2 milhões no período. De acordo com o MPE, apenas com a 5ª série do ensino fundamental, ele viu a movimentação financeira saltar de R$ 335,8 mil, em 2017, até chegar a R$ 3,385 milhões em 2021. Os depósitos de origem desconhecida somaram R$ 554,9 mil.

Contudo, o que mais chamou a atenção foram as movimentações da sogra e do cunhado. “Considerando, portanto, a inexistência de capacidade econômica e a inexistência de capacidade fiscal, tanto para VERA LUCIA DE PAULA (Mãe), (…), quanto para RAFAEL DE PAULA DA SILVA (Filho), (…), as transações bancárias havidas entre todos eles traduzem, ao que parece, a constatação de serem (Vera Lucia e Rafael de Paula) pessoas interpostas e à disposição do grupo, funcionando as suas contas bancárias como contas de passagem”, concluiu o MPE.

A sogra de Frescura, Vera Lúcia tinha como ocupação oficial faxineira e salário médio de R$ 559 por mês. No período, conforme a quebra do sigilo, ela recebeu R$ 124,6 mil dos integrantes do grupo, enquanto repassou R$ 414,9 mil. A maior parte da transação foi feita com o genro. Frescura recebeu R$ 35,6 mil da sogra, enquanto repassou R$ 228 mil para Vera Lúcia.

Odinei Romeiro de Oliveira repassou R$ 58,8 mil para ela, enquanto recebeu R$ 28,3 mil. Para a Rocamora Serviços de Escritório, Vera Lúcia repassou R$ 4,1 mil, enquanto recebeu R$ 134,5 mil da empresa, uma das pivôs da Operação Tromper.

Filho de Vera Lúcia e cunhado de Frescura, Rafael de Paula da Silva recebeu R$ 291,6 mil e repassou R$ 312,9 mil aos integrantes da suposta organização criminosa. A maior transação ocorreu com o cunhado. Frescura recebeu R$ 202,5 mil de Rafael, enquanto pagou R$ 262,4 mil.

No período, Rafael exerceu as funções de ajudante de motorista, motorista de furgão e repositor de mercadorias. Ele ainda repassou R$ 11,9 mil para Ricardo José Rocamora Alves, R$ 24,9 mil para Everton Luscero, R$ 11,8 mil para Odinei de Oliveira e R$ 7,5 mil para a Rocamora empresa.

“Compulsando especificamente o fluxo financeiro de ingressos e saída de valores, o que se percebeu foi que, na maioria das vezes, havia um crédito maior repassado à RAFAEL DE PAULA DA SILVA, por intermédio de UVERTON DA SILVA MACEDO (ou seja, de UVERTOM PARA RAFAEL) para logo em seguida, acontecerem pagamentos e transferências para as contas de outros investigados”, destacou a investigação.

“Os repasses enviados por UEVERTON DA SILVA MACEDO para Rafael de Paula da Silva, representam, ao que consta, uma fonte de recursos que UEVERTON tinha à sua disposição, para, em seguida, transferir para Rafael de Paula da Silva”, concluiu o MPE.

O documento com os dados bancários dos investigados conta com 218 páginas e deve reforçar a ação penal contra 10 réus pelos crimes de corrupção, fraude em licitações, peculato e organização criminosa. O julgamento começou no dia 2 deste mês e seguiu ontem com a realização de audiência para ouvir mais 11 testemunhas.

Frescura chegou a ser preso e teve pedido de revogação da prisão negado pelo Superior Tribunal de Justiça. Atualmente, ele é monitorado por meio de tornozeleira eletrônica.

Uerverton Frescura quando foi preso na Operação Tromper (Foto: Arquivo)

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