Jornalista barrado por camisa LGBTQIA+ morre após passar mal no Qatar

O jornalista esportivo Grant Wahl, que fazia a cobertura da Copa do Mundo no Qatar, morreu hoje após passar mal nas tribunas do estádio Lusail durante Holanda x Argentina, jogo das quartas de final do torneio que acabou com vitória sul-americana. O norte-americano tinha 47 anos.

A informação foi confirmada pela NPR — rádio onde o profissional trabalhava — pela federação de futebol dos EUA e pelos próprios familiares.

Em entrevista ao “The New York Times”, o agente de Wahl, Tim Scanlan, informou que o jornalista estava na tribuna da imprensa nos minutos finais do jogo quando passou mal. Não se sabe se ele morreu a caminho ou já em um hospital do Qatar.

“Ele não estava dormindo bem. Ele disse: Só preciso relaxar um pouco”, disse o agente ao jornal, que ainda relatou que Wahl passou mal nos últimos dias e teve teste negativo para a covid-19.

Nas redes sociais, o jornalista brasileiro Francisco De Laurentiis revelou que viu “a cena acontecer” ao seu lado. Grant passou mal já na prorrogação do duelo em questão, que terminou nos pênaltis.

 

“Todos do futebol dos EUA estamos com o coração partido ao saber que perdemos Grant Wahl. Os fãs de futebol e jornalismo da mais alta qualidade sabiam que sempre poderíamos contar com a Grant para entregar histórias perspicazes e divertidas sobre nosso jogo e seus principais protagonistas: times, jogadores, treinadores e as muitas personalidades que tornam o futebol diferente de qualquer esporte. Aqui nos Estados Unidos, a paixão de Grant pelo futebol e o compromisso de elevar seu perfil em nosso cenário esportivo desempenhou um papel importante em ajudar a aumentar o interesse e o respeito pelo nosso belo jogo”, iniciou a federação norte-americana.

 

“Tão importante quanto isso foi a crença de Grant no poder do jogo para promover os direitos humanos. Isso foi e continuará sendo uma inspiração para todos. Grant fez do futebol o trabalho de sua vida, e estamos arrasados que ele e sua escrita brilhante não estarão mais no futebol dos EUA, que envia suas mais sinceras condolências à esposa de Grant, Dra. Celine Gounder, e todos os seus familiares, amigos e colegas na mídia. E agradecemos a Grant por sua tremenda dedicação e impacto em nosso jogo nos EUA. Sua escrita e as histórias que ele contou viverão”, finalizou.

 

Barrado em partida

 

Nas últimas semanas, Grant foi barrado de entrar em um jogo de seu país por estar usando uma camisa com um arco-íris, um dos símbolos LGBTQIA+.

 

Um segurança se recusou a me deixar entrar no estádio para EUA x País de Gales. Você tem que trocar de camisa. Não é permitido”, escreveu Grant em suas redes sociais.

 

Na ocasião, a seleção norte-americana encarou o País de Gales dentro do Al Rayyan. O confronto do Grupo B acabou empatado em 1 a 1.

 

“Estou tossindo bastante”

 

Em um podcast exibido ontem o jornalista falou que havia tido um caso de bronquite nos últimos dias.

 

“Depois de 17 jogos seguidos meu corpo me disse, mesmo depois da eliminação dos Estados Unidos: ‘cara, você não está dormindo o suficiente’. Eu tive um caso de bronquite essa semana, fui no centro médico duas vezes, incluindo hoje. Estou me sentindo bem hoje. Cancelei basicamente tudo da terça-feira (6) e dormi. Estou melhor”, iniciou ele.

 

O jornalista, no entanto, revelou que estava “tossindo bastante” e citou outros ao seu redor com o problema. “Todo mundo está tossindo aqui. Vários jornalistas têm tido tosses malucas, parecendo que vão morrer.”

 

“A única coisa que me impressiona aqui é que não tem tido muitos casos de covid-19 aqui. Achei que fosse ser um problema. Estávamos vendo apenas doenças normais, tosses…”, finalizou Grant.

 

Irmão diz que jornalista foi ameaçado

 

No Instagram, o irmão de Grant, Eric Wahl, afirmou que o jornalista recebeu ameaças de morte recentemente.

 

Em vídeo, ele afirmou ainda que acredita que o homem tenha sido assassinado.

 

“Sou gay e a razão de ele usar a camiseta do arco-íris na Copa do Mundo. Meu irmão era saudável. Ele me disse que recebeu ameaças de morte. Eu não acredito que meu irmão apenas morreu, acredito que ele tenha sido assassinado. Eu imploro por qualquer ajuda”, falou ele.

uol

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *