MPT/MS flagra sete trabalhadores em condições análogas à escravidão em Porto Murtinho

Operação do Ministério Público do Trabalho flagrou sete trabalhadores em condições análoga à escravidão em fazenda no interior de Mato Grosso do Sul.

Os trabalhadores, incluindo três indígenas e dois adolescentes, foram resgatados na Fazenda Bahia dos Carneiros, localizada na zona rural do Município de Porto Murtinho, região de fronteira de Mato Grosso do Sul com o Paraguai.

O procurador do Trabalho, Paulo Douglas Almeida de Moraes, coletou o depoimento das vítimas e, mediante as condições degradantes as quais o grupo era submetido, irá conduzir uma audiência extrajudicial. O proprietário foi notificado a comparecer à audiência extrajudicial, contudo, segundo MPT, “ vem demonstrando conduta furtiva, o que deve conduzir para judicialização do caso”.

Se o proprietário não chegar a um acordo, o procurador deve pedir expropriação da fazenda para destiná-la à reforma agrária, além dos demais pedidos que constariam nos Termos de Ajuste de Conduta que seriam apresentados ao fazendeiro.

Paulo Douglas Almeida destaca que, se o produtor comparecer, deve se comprometer a regularizar as condições de trabalho, além de pactuar o pagamento das verbas rescisórias dos trabalhadores e uma reparação pela conduta, a título de danos morais individuais (correspondente a um valor entre 20 e 50 vezes o salário de cada vítima resgatada) e de danos morais coletivos, pelo dano causado à sociedade como um todo.

Os trabalhadores relataram que o proprietário, que não teve nome divulgado, possui outra fazenda no Município, além de empresas e outras propriedades em São Paulo, onde reside.

Denúncia  

A operação é fruto de denúncia encaminhada à Auditoria-Fiscal do Trabalho, que alertava para as péssimas condições de trabalho e habitação dos empregados na fazenda.

Os trabalhadores atuavam em local inacessível por terra e a operação só foi viabilizada graças ao apoio aéreo do grupamento Secretaria de Justiça .

No local, o MPT identificou falta de água potável, de banheiros e de alojamentos adequados para descanso. Uma das vítimas afirmou que o grupo tinha a água do poço disponível para matar a sede, mas, preferia beber água da chuva, “que era melhor”.

O único trabalhador com carteira assinada prestava serviços ao fazendeiro desde julho do ano passado, como capataz. Ele era o responsável pela contratação dos demais. Analfabeto e sem endereço fixo, ele transita entre as fazendas do patrão, onde os integrantes do grupo também executam alguns serviços.

No depoimento ele contou que havia a promessa de que seria construído um alojamento, obra que teria sido iniciada, mas nunca foi concluída. O local não tem banheiros, e os trabalhadores dormem em colchões velhos e debaixo de lonas.

Outro trabalhador relatou prestar serviço sem direito a dia de descanso. Ele relatou que preferia tomar banho de caneca do que na baia, por não haver banheiro. As necessidades fisiológicas eram feitas no mato.

Ao terminar o serviço para o qual foi contratado, os trabalhadores permaneciam na fazenda vizinha, a 20 quilômetros de distância, onde para conseguir chegar são quatro horas a cavalo.

Trabalho escravo em MS

Somente em 2025, 33 trabalhadores foram resgatados em condições análogas à de escravo, todos em propriedades rurais localizadas em Porto Murtinho e Corumbá.

O cidadão que presenciar pessoas atuando de formas que caracterizem o trabalho análogo ao de escravo pode denunciar ao MPT:

Pelo site do MPT-MS: www.prt24.mpt.mp.br/servicos/denuncias

Pelo aplicativo MPT Pardal, cujo download é gratuito para smartphones

Pelo portal da Inspeção do Trabalho https://ipe.sit.trabalho.gov.br/#!/

Ou pessoalmente em uma das três unidades do MPT-MS, localizadas em Campo Grande, Três Lagoas e Dourados, de segunda a sexta-feira, das 9 às 17 horas

 

 

 

MPT/MS

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