Plano contra fogo no Pantanal prevê R$ 22 milhões e inclui de contrato exclusivo de aeronave a curso para PF

O plano de combate a incêndio, lançado pelo governo federal, prevê ações calculadas em R$ 22,9 milhões para proteger o bioma que se espalha por Mato Grosso do Sul e Mato Grosso. Em 2020, o Pantanal foi devastado pelas chamas, um drama que comoveu o mundo e eternizado em imagens, como a de um macaco carbonizado e de joelhos, ladeado pelo cinza da destruição.

De acordo com o “Plano de Ação para o Manejo Integrado do Fogo no Bioma Pantanal”, do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, o maior valor previsto é para diminuir o tempo de resposta no combate ao fogo. A previsão é de R$ 15 milhões para contrato exclusivo de aeronaves para o Prevfogo, aumentar velocidade no deslocamento das brigadas, maior agilidade para mobilizar as brigadas em todo território nacional, além da ampliação da capacidade de carga e autonomia das aeronaves.

Outros R$ 3,4 milhões são para tecnologia. Com equipamentos de internet satelital – Sisfogo para todas as bases de brigadas, aquisição de tablets ou smartphone para lançamento de dados ainda em campo e sistema de radiocomunicação. A instalação e estruturação de Base Operacional da Brigada Pronto Emprego Pantanal, em Corumbá, tem custo previsto de R$ 103 mil, com heliponto e central logística.

Já R$ 1,8 milhão vai para contratação de brigadistas. A previsão é contratar 171 brigadistas para os meses críticos, entre junho e novembro. A investigação sobre os incêndios também deve ter reforço. O plano prevê R$ 16 mil para realizar curso de investigação das causas e origens dos incêndios florestais, envolvendo Ibama, Polícia Federal, Polícia Militar Ambiental, Corpo de Bombeiros.

O ministério também vai divulgar propaganda no rádio e TV de Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, em horário nobre, para sensibilizar sobre as causas e consequências do fogo. O valor da campanha educativa ainda será definido.

O documento lembra que o Pantanal tem beleza natural exuberante, com abundância de fauna e flora, mas somente 4,68% da área é protegida, com 28 unidades de conservação. A maior planície alagável do mundo ainda é lar das comunidades tradicionais. Mas sofre os impactos da agropecuária.

 

Jacaré carbonizado durante incêndio que devastou o Pantanal. (Foto: Arquivo)

“O bioma vem sendo muito impactado pela ação humana, principalmente pela atividade agropecuária, especialmente nas áreas de planalto adjacentes”.

De acordo com a Rede Pantanal de Pesquisa, as temperaturas médias estão subindo 4 vezes mais rápido na região do que as médias globais. No caso do Pantanal, é notável que as atividades humanas são a maior fonte de ignições na natureza, sendo responsáveis por 84% da área queimada anualmente.

Dono da maior porção do Pantanal, Mato Grosso do Sul tem leis de proteção consideradas mais frouxas no comparativo com o vizinho Mato Grosso. Neste ano, mais uma prova de que o futuro do bioma é uma incógnita.

Projeto de lei de autoria do deputado estadual Amarildo Cruz (PT), que proibia o plantio de soja para preservar o Pantanal, caiu logo na primeira etapa de tramitação na Assembleia Legislativa: a Comissão de Constituição, Justiça e Redação Final. Os parlamentares avaliaram que o texto contraria o princípio da “livre iniciativa”.

Amarildo morreu em 17 de março e o projeto foi levado adiante pelo deputado Pedro Kemp (PT), mas a proposta de proibir soja no Pantanal foi arquivada em abril. A defesa do Pantanal tem caso emblemático em Mato Grosso do Sul. No ano de 2005, o ambientalista Francelmo se imolou no Centro de Campo Grande. Há quase 20 anos, o plano era levar usinas de álcool para a bacia pantaneira.

 

 

 

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